Diagnóstico Ulceras Pépticas
Além dos dados de história clínica e exame físico, o exame mais comumente usado para o diagnóstico da doença ulcerosa é a endoscopia digestiva alta.
Este exame envolve a passagem de um tubo flexível de pequeno diâmetro através da boca em direção ao esôfago, estômago e duodeno. O tubo possui uma microcâmara com fonte de luz na ponta, o que permite a visão direta em um monitor (TV) de eventuais problemas nestes órgãos.
Além disto, permite a tomada de biópsias (retirada de pequenos fragmentos para análise, o que é feito sem dor ou desconforto algum) para o diagnóstico preciso.
Em algumas situações será terapêutica, para fazer cessar o sangramento em uma úlcera por exemplo. Permite também a retirada de material para testar a presença do H. pylori. O exame é geralmente feito sob sedação para maior conforto. Por todas estas razões, a endoscopia é indiscutivelmente o melhor método na avaliação da doença e deixou em segundo plano, para alguns raros casos, o emprego de métodos como a radiologia para diagnóstico de doença ulcerosa.
Por que os médicos não pesquisam automaticamente o H. pylori?
Alterações de crenças e de práticas médicas levam tempo. Por aproximadamente 100 anos os cientistas e doutores acreditaram que a úlcera era causada pelo estresse, comidas picantes e álcool. O tratamento baseava-se em repouso na cama e dieta leve.
Mais tarde os pesquisadores adicionaram o ácido à lista de causas e começaram a tratar as úlceras com antiácidos. Desde que o H. pylori foi descoberto em 1982, estudos conduzidos ao redor do mundo mostraram que utilizando antibióticos para destruir o H. pylori cura a úlcera. Levou 11 anos para que a comunidade médica aceitasse esta realidade.
A prevalência das úlceras causadas pelo H. pylori está mudando. A infecção está se tornando menos comum em pessoas nascidas em países desenvolvidos. A comunidade médica, entretanto, continua a debater o papel do H. pylori nas úlceras pépticas. Se você tem úlcera péptica e não fez teste para infecção pelo H. pylori, fale com seu médico.
Como é diagnosticada uma úlcera relacionada ao H. pylori?
Se é encontrada uma úlcera, o médico fará um exame para H. pylori. Este exame é importante porque o tratamento de uma úlcera causada pelo H. pylori é diferente de uma úlcera causada por AINEs.
O H. pylori é diagnosticado através de exames de sangue, respiração, fezes e de tecidos. Os exames de sangue são pouco utilizados em nosso país.
Consiste em avaliar se a pessoa tem anticorpos contra a bactéria. São utilizados para o diagnóstico de H. pylori em pessoas que nunca foram tratadas para a bactéria. Não são utilizados após tratamento pois podem mostrar resultado positivo mesmo no caso que a bactéria tenha sido eliminada.
O teste respiratório com uréia marcada é um método diagnóstico eficiente para H. pylori. Eles também são utilizados após o tratamento para observar se ele funcionou.
No consultório médico ou laboratório o paciente bebe uma solução de uréia que contém um átomo especial de carbono.
Se o H. pylori está presente, ele age sobre a uréia e libera o carbono. O sangue transporta o carbono para os pulmões onde é exalado pelo paciente. O ar é colhido numa bolsa especial e dosada a quantidade de carbono exalado num aparelho especial. O teste respiratório tem acurácia de 96% a 98%.
Exames nas fezes do paciente podem ser utilizados para detectar a infecção pelo H. pylori . Estudos mostraram que este exame, denominado de Teste do Antígeno do Helicobacter pylori nas Fezes (HpSA), é acurado para diagnosticar H. pylori.
O teste rápido da urease, que detecta a enzima urease que é produzida pelo H. pylori. È o mais utilizado em nosso meio. É rápido, barato e sensível. As amostras são colhidas durante um exame endoscópico.
O teste histológico permite encontrar e examinar a bactéria atual do paciente. É realizado para o diagnóstico e confirmar o resultado do teste da urease, quando necessário.
A cultura envolve permitir o crescimento do H. pylori de uma amostra de tecido em um meio apropriado. É um teste difícil, não disponível em todos os laboratórios e somente realizado em ocasiões especiais.
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Autor: Dr. Carlos Muñoz Retana
Actualizado: 8 de Febrero, 2019